Súmula Internacional 02 – 30/03/2023
Fracassada cúpula pela democracia destina bilhões para a subversão
Quando até mesmo a Folha de S. Paulo admite que a “Cúpula pela Democracia”, promovida pelo presidente americano, Joe Biden, foi “esvaziada”, na suave expressão utilizada pelo jornal, é porque a coisa é séria. Países como Chile, Argentina, Espanha, Portugal e Brasil não compareceram. O encontro virtual termina nesta quinta-feira (30) mas o grande momento foi o anúncio de Biden, nesta quarta-feira (29), de um montante de US$ 690 milhões de dólares (3,5 bilhões de reais) destinado a patrocinar ações em outros países para “combater a corrupção” e “promover eleições justas e livres”. Traduzindo, o xerife do mundo não tem qualquer pudor em anunciar publicamente que irá interferir em assuntos internos de nações soberanas, o que é vedado pela lei internacional.
Guerra Mundial contra China e Rússia
Analistas ouvidos pelo jornal chinês Global Times avaliam que “a Cúpula para a Democracia é, por natureza, destinada a dividir o mundo ideologicamente e avaliar a democracia em diferentes níveis com base exclusivamente nos padrões dos EUA. A diplomacia de Biden não tem nada a ver com democracia, mas é um exemplo da mentalidade da Guerra Fria”. O Global Times cita a fala do presidente do Comitê de Defesa do Senado do Paquistão, Mushahid Hussain Sayed, durante o encontro promovido por Biden. Segundo o representante paquistanês, “a segunda Cúpula pela Democracia não é sobre democracia, mas sobre armar a democracia e armar os direitos humanos na emergente Guerra Mundial contra a China e a Rússia”.
US$ 824 bilhões para a “Guerra contra China e Rússia”
Não é só o paquistanês Mushahid Hussain Sayed que fala em uma iminente guerra dos EUA contra China e Rússia. Nesta quarta-feira, segundo reportagem de Igor Gielow na Folha de S. Paulo, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, Mark Milley, advertiu que “pela primeira vez na história, os Estados Unidos enfrentam o risco de uma guerra com duas potências nucleares ao mesmo tempo, a China e a Rússia. E lutar simultaneamente contra elas seria muito difícil, apesar das capacidades militares americanas”. A declaração foi feita ao Comitê dos Serviços Armados da Câmara dos Representantes (correspondente a uma comissão da nossa Câmara dos Deputados) e o general defendia a proposta do governo Biden de um orçamento recorde destinado a compra de armas e a gastos militares de US$ 824 bilhões de dólares (4,3 trilhões de reais) para o ano fiscal de 2024 (1º de outubro a 30 de setembro do ano que vem).
Alarmista?
Igor Gielow registra que logo depois o general suavizou sua declaração “alarmista”: “Tanto a China quanto a Rússia têm meios para ameaçar a segurança nacional dos EUA. Mas a história não é determinista, e a guerra com eles não é nem inevitável nem iminente“. No entanto, embora o general possa ter, de fato, em um primeiro momento, exagerado na retórica, para convencer os parlamentares a liberar a soma solicitada, o imenso volume de recursos que o governo Biden quer destinar à guerra já é motivo suficiente para alarme. Por falar nisso, apenas 0,0207% do valor proposto seria suficiente para salvar as crianças africanas do atual surto de cólera, segundo nota publicada na Súmula de ontem e 0,728% bastariam para bancar todo o programa da ONU de combate à fome no mundo. Mas, como já dizia Cazuza: “A burguesia é a direita, é a guerra.”
Exército chinês diz que está pronto para cooperar com Exército russo “para defender a justiça internacional”
O Exército chinês está pronto para cooperar com o Exército russo, disse o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Tan Kefei, em um briefing nesta quinta-feira. “O Exército chinês está pronto para trabalhar em conjunto com o Exército russo para implementar plenamente o consenso alcançado pelos líderes dos dois Estados, para fortalecer ainda mais a coordenação estratégica e a comunicação, para cooperar com o Exército russo e para fortalecer ainda mais a confiança mútua na esfera militar, manter a paz e a segurança regionais, implementar iniciativas de segurança global, bem como está pronto para defender a justiça internacional”, disse Tan Kefei. A notícia foi publicada originalmente pelo site Sputnik News.
Turquia não será arrastada para uma guerra contra a Rússia, garante Erdogan
O Sputnik News repercutiu, nesta quinta-feira, uma importante declaração do atual presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, garantindo que o governo atual de Ancara não permitirá que o Ocidente arraste o país para uma guerra contra a Rússia, “Não permitiremos que a Turquia seja arrastada para a guerra – esse é um dos nossos slogans eleitorais“, disse Erdogan, que enfrenta eleições parlamentares no próximo dia 14/4. Segundo ele, os esforços de Ancara nos últimos dois anos impediram que o “clube ocidental” arrastasse o país para o conflito. “Enquanto estivermos aqui [no poder] não deixaremos que isso aconteça. […] Nossa intenção é empreender esforços com determinação séria e desempenhar um papel de intermediário entre a Rússia e a Ucrânia, para que eles eventualmente tenham sucesso“, ressaltou o líder turco.
Honduras: Mais uma importante vitória diplomática da China
No último domingo (26) Honduras e China anunciaram o estabelecimento de relações diplomáticas. Como é de praxe, a China só aceita dar este passo caso o país parceiro reconheça o princípio de uma só China e rompa relações diplomáticas com Taiwan, o que foi feito. Segundo declarou o ministro das Relações Exteriores de Honduras, Enrique Reina, após assinar uma declaração conjunta com seu homólogo Qin Gang, Honduras “reconhece efetivamente que existe apenas uma China no mundo e que o governo da República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China“. Com isso, restam apenas 13 países no mundo que reconhecem Taiwan, entre eles Paraguai e Haiti.
Papa Francisco doente
O Papa Francisco, 86 anos, está com uma infecção respiratória e precisará passar “alguns dias” no hospital para tratamento, informou o Vaticano em um comunicado nesta quarta-feira (29). O jornal Corriere della Sera, no entanto, menciona “problemas cardíacos”. Todos os compromissos dos próximos dias foram cancelados e a presença do Papa nas cerimônias da Semana Santa é incerta.
Por Wevergton Brito Lima
O número de estreia da Súmula Internacional pode ser encontrada na editoria Visão Global