Súmula Internacional 12 – Lula defende fim do envio de armas à Ucrânia e pede negociações de paz
Em declarações dadas neste domingo (16) em Abu Dhabi, parte do giro presidencial pela Ásia, Lula pediu que os países “parem de enviar armas à Ucrânia” e voltou a propor a formação de um grupo de nações neutras que intermedeiem negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Segundo Lula, é preciso convencer os EUA e a União Europeia sobre a necessidade da paz. A colocação de Lula é certeira: EUA/UE/Otan, não desejam o fim do conflito e trabalham pelo seu prolongamento. Depois da exitosa visita à China, o presidente Lula receberá em Brasília, na tarde desta segunda-feira (17), o chanceler russo Serguei Lavrov, segundo informa o jornal O Globo, “de acordo com agenda divulgada ontem pelo Itamaraty”. O tema do conflito da Ucrânia será, certamente, debatido por Lavrov com as autoridades brasileiras. O analista internacional de O Globo, Guga Chacra, não gostou das declarações do presidente brasileiro. Em coluna publicada logo depois do texto que reporta as propostas de Lula, Guga Chacra escreveu que “não há benefício nenhum em adotar esse discurso”, acrescentando que “a insistência de pedir paz já irrita outras nações porque dá a entender que elas preferem a guerra”. Curiosa forma de colocar a questão, essa do Chacra. Quem é contra a paz já, sem pré-condições, é a favor do quê? É a favor, é lógico, da continuidade da guerra. A evidente contradição de Guga Chacra mostra a dificuldade do colunista de O Globo de encontrar uma formulação eficaz para encobrir a essência de sua posição que é a mesma dos EUA e da Otan: deve-se lutar até o último ucraniano com a esperança de desgastar a Rússia e Putin, não importa o que isso custe em vidas, sofrimento, destruição e ameaças à paz mundial.
Vietnã e a “Diplomacia de Bambu”
A ideia de “diplomacia de bambu” foi cunhada pela primeira vez pelo secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nguyen Phu Trong, na 29ª conferência diplomática em 2016. Na ocasião, ele destacou a importância da diplomacia na manutenção da paz, prevenção de conflitos e promoção da cooperação internacional no contexto de um mundo em rápida mudança. Ele também enfatizou a abordagem distinta do Vietnã para a diplomacia, refletindo os ensinamentos do falecido presidente Ho Chi Minh, que costumava usar a imagem do bambu como uma metáfora para descrever a resiliência, flexibilidade e força da nação vietnamita. Assim, a diplomacia de bambu, praticada pelo República Socialista do Vietnã, busca ser firme e flexível.
Diplomacia de Bambu alcança grandes êxitos
A diplomacia de bambu foi reafirmada como o princípio orientador da política externa do Vietnã, e o partido reiterou explicitamente esse conceito na primeira Conferência Nacional de Relações Exteriores, realizada em Hanói em 14 de dezembro de 2021. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Bui Thanh Son, a diplomacia de bambu do Vietnã se reflete em todas as suas atividades no exterior. Essa política afirma o Vietnã “como uma nação corajosa, sincera, leal, confiável e responsável”. Em termos de diplomacia bilateral, o Vietnã continuou a fortalecer e consolidar suas relações com os principais países, vizinhos, parceiros importantes e amigos tradicionais, evidenciado pela visita oficial do Secretário-Geral do Partido, Nguyen Phu Trong, à China, de 30 de outubro a 1º de novembro de 2022, a convite do Secretário-Geral do Partido e Presidente da China, Xi Jinping. Mais recentemente, o líder do partido, Trong, conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na noite de 29 de março, quando os dois lados reiteraram seus convites para visitas mútuas de alto nível.
Diplomacia de Bambu: Relações comerciais com 230 países e territórios
A filosofia do bambu ajudou o Vietnã a expandir suas parcerias estratégicas e abrangentes com países estrangeiros, incluindo parceiros em todos os cinco membros permanentes da ONU – China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. O Vietnã estabeleceu relações diplomáticas com 190 de um total de 193 membros da ONU. Já o Partido Comunista estabeleceu relações com 247 partidos políticos em 111 países, enquanto a Assembleia Nacional se relaciona com os parlamentos de 140 países. Trinta anos atrás, o Vietnã tinha relações comerciais com apenas 30 países e territórios, mas agora o número chega a 230.
Diplomacia de Bambu: Um legado da sabedoria popular apreendido por Ho Chi Min
Em declarações na última quinta-feira (13) Nguyen Phu Trong valorizou a ampla gama de relações diplomáticas que o país construiu baseado na diplomacia de bambu: “Nunca antes o Vietnã desfrutou de tanta fortuna, força, posição internacional e prestígio como hoje”. Para o líder comunista vietnamita, a Diplomacia de Bambu é herdeira de ensinamentos dos antepassados e principalmente do presidente Ho Chi Min, que defendia uma diplomacia que combinasse “patriotismo, cultura nacional, tradição diplomática e cultura humana”. Diz um antigo e popular poema vietnamita: “Bambu verde, perene / As sebes de bambu são lendárias / Caule magro, folhas frágeis / Mas o bambu forma muralhas”.
Coreia Popular denuncia “ambição muito perigosa” do Japão
A seção política do Instituto de Assuntos Japoneses do Ministério das Relações Exteriores da República Popular Democrática da Coreia repudiou, nesta sexta-feira (14), as acusações do governo japonês de que a Coreia Popular está colocando em risco a “estabilidade e segurança da região”, ao testar armas nucleares. Em resposta, a RPDC acusou o Japão de querer voltar a “se tornar uma potência militar, juntando-se à imprudente campanha de ameaça militar anti-RPDC dos fantoches dos EUA na Coreia do Sul”. A Coreia Popular também esclareceu que a dissuasão defensiva da RPDC é um assunto interno, afeto ao direito de proteger a soberania nacional. O governo japonês também tem requentado denúncias antigas sobre alegados “sequestros” de cidadãos japoneses pela RPDC, assunto que a Coreia Popular diz já ter sido suficientemente esclarecido. O que ainda resta por fazer, diz o Ministério das Relações Exteriores da Coreia Popular, é ajustar contas com o passado criminoso do Japão em relação a Coreia. De fato, são comprovados historicamente horríveis crimes contra a humidade cometidos pelo Império do Japão no século XX contra populações inteiras da Coreia e da China, crimes pelos quais o Japão jamais se desculpou oficialmente e que nunca redundou em qualquer tipo de punição.
Importante entidade chinesa reúne-se com PCdoB e Cebrapaz
Uma missão da Associação do Povo Chinês para a Paz e o Desarmamento (CPAPD, na sigla em inglês), encontrou-se nesta sexta-feira (14), com dirigentes do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) e reuniu-se também com o vice-presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Walter Sorrentino. A missão chinesa foi chefiada por An Yuejun, secretário-geral da CPAPD. Todos os 5 membros da delegação chinesa são militantes do Partido Comunista da China (PCCh) e na reunião com Walter Sorrentino a visita de Lula à China foi tema muito valorizado, com An Yuejun informando, com visível satisfação, do encontro ocorrido naquela manhã entre dirigentes do Departamento Internacional do PC da China com Luciana Santos, Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação e presidenta do PCdoB, que fez parte da delegação do governo brasileiro em visita ao país asiático. A pedido de An Yuejun, Walter Sorrentino fez uma explanação sobre os desafios e objetivos do PCdoB e das forças de esquerda na América Latina. Na reunião com a delegação do Cebrapaz, chefiada por Jamil Murad, presidente nacional, e formada ainda por Wevergton Brito, vice-presidente, Sérgio Benassi e Socorro Gomes, da direção nacional, foram abordadas as principais ameaças à paz mundial, tendo sido registrada grande coincidência de pontos de vista. CPAPD e Cebrapaz, que já cultivam uma tradicional relação de amizade, concordaram em fortalecer e estreitar os laços de cooperação entre as duas entidades defensoras da paz.
Síria: Golã retornará à pátria
Nesta segunda-feira (17), a Síria comemora os 77 anos de independência. Foi neste dia que, em 1946, as últimas tropas francesas deixaram o território sírio. Nos eventos comemorativos, um tema foi presente: não importa quanto tempo irá se passar, Golã, ocupada ilegalmente por Israel, será libertada. Em Ain al-Tineh, em frente à cidade ocupada de Majdal Shams, multidões de pessoas da província de Quneitra e do Golã sírio ocupado se reuniram e ratificaram a determinação de continuar o caminho de luta que pais e avós iniciaram contra o colonialismo e a agressão, reafirmando sua rejeição à ocupação israelense e suas práticas criminosas. Em paralelo, um evento foi realizado em Majdal Shams, igualmente valorizando o apego à identidade árabe síria e ao fato de que o Golã ocupado é parte integrante da Síria. O prefeito de Golã, Issam al-Shaalan, disse que as batalhas pela independência não terminarão sem a libertação de todo o Golã e seu retorno à soberania nacional síria. Informações da agência SANA.
Por Wevergton Brito Lima
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