Súmula Internacional 23 – Folha de S. Paulo extasiada com a coroação de Charles 3º
A Folha de S. Paulo é, em teoria, um jornal liberal, mas não esconde sua paixão por uma boa e velha monarquia. Na edição desta quarta-feira (3) o diário não poupou tinta para descrever a cerimônia de coroação do novo rei britânico, Charles 3º, no próximo sábado (6). A matéria começa em tom de comemoração: “Enfim revelado nesta segunda (1º) pelo Palácio de Buckingham, o figurino usado pelo rei Charles 3º em sua cerimônia de coroação”. Este “enfim” é muito bem colocado pois ontem mesmo eu estava no metrô a caminho do centro do Rio e notei a ansiedade geral pela revelação do figurino real. Não se falava de outra coisa.
A família real está preocupada com a sustentabilidade, diz a Folha
No subtítulo da citada matéria o jornal paulista informa que Charles 3º “reutilizará cinta e luva feitos para cerimônia de seu avô, George 6º, em prol da sustentabilidade”. A Folha não titubeou em colocar sem aspas o “em prol da sustentabilidade” dando ao texto um caráter factual, ou seja, referendando a propaganda do palácio real, propaganda suspeitíssima, pois a cerimônia será suntuosa e esbanjadora como veremos a seguir. A Folha, no entanto, relativiza isso ao anunciar que “boa parte dos artigos (usados na cerimônia), senão todos, foram usados por outros monarcas em suas coroações”. No entanto, no mesmo texto, o jornal reporta que o manto real “é a peça mais antiga da cerimônia, tendo sido feito à mão para a coroação de George 5º, em 1821”. E o site da Casa Real Britânica informa que o citado manto foi utilizado “nos Serviços de Coroação do Rei George IV (quarto e não quinto, Folha) em 1821, Rei George V em 1911, Rei George VI em 1937 e Rainha Elizabeth II em 1953”. Então, das duas, uma: ou a família real já queria economizar e era preocupada com a sustentabilidade ambiental desde 1911, quando o manto foi reutilizado pela primeira vez, ou o fato de a cerimônia reutilizar “boa parte dos artigos, senão todos” deve-se apenas e tão somente a um grande apego à tradição, que é rigorosamente cultivado pela anacrônica monarquia britânica.
O que a Folha não diz sobre a Cerimônia de Coroação
Agências de notícias relatam que toda a cerimônia de coração deve custar cerca de 140 milhões de dólares e, segundo o site Terra, durante o evento o novo rei usará joias que no conjunto valem 4 bilhões de dólares, parte dos US$ 28 bilhões que a família real possui segundo levantamento feito pela Revista Forbes em 2021, fortuna acumulada em séculos de roubos, saques e os mais diversos crimes coloniais, como racismo, escravidão e genocídio, cometidos contra toda uma série de povos e nações.
A monarquia britânica e o sonho secreto da Folha
A Folha é um dos poucos jornais do mundo fora dos EUA e do Reino Unido que apoia a ocupação das Ilhas Malvinas argentinas pela Inglaterra. Recentemente publicou um editorial reclamando dos direitos trabalhistas das empregadas domésticas brasileiras. Faltou pouco para o editorial exigir a volta da servidão. Na matéria sobre a coroação, na edição desta quarta-feira, o jornal informa que anteriormente apenas membros da família real juravam lealdade ao novo monarca. Mas isso mudou! Agora o juramento “será realizado pelo povo britânico — todos os presentes na Abadia de Westminster, assim como espectadores do evento de todo o mundo”. Ou seja, vejam que bom: todos vão poder se tornar vassalos do novo Rei! Democracia é isso. Imaginem a cena: na sala principal do jornal, a diretoria da Folha inteira de pé, prestando o juramento. Comovente. Quem sabe, um dia, um dos membros da família Frias, proprietária do grupo Folha, não recebe o título de Cavaleiro ou Dama do Império Britânico, e possa ostentar o título de Sir ou Dame? Sejamos justos, não é só a Folha que faz essa nauseante apologia da família real britânica. Esse é o padrão da mídia comercial. É que eu preciso escolher um como exemplo, senão o texto fica muito grande e, apesar de plebeu, eu tenho cá minhas preocupações com a sustentabilidade.
RPDC: “EUA conduzem a península coreana ao abismo da guerra nuclear”
Choe Ju Hyon, um comentarista de segurança internacional da República Popular Democrática da Coreia (RPDC – popularmente conhecida como Coreia do Norte), advertiu, nesta segunda-feira que a recente “Declaração de Washington”, emitida pelo governo dos EUA, pode mergulhar a península coreana em outra crise nuclear. O colunista se referiu especificamente ao anunciado aumento da capacidade executiva da dissuasão nuclear ampliada oferecida pelos Estados Unidos à Coreia do Sul, mas controlada pelos EUA. Para Choe, tal anúncio é um “produto coerente da política hostil contra a RPDC e uma decisão perigosa que agrava a tensão na região e leva ao círculo vicioso da corrida armamentista“. Ainda segundo o especialista “os Estados Unidos e os fantoches belicistas sul-coreanos” criaram uma instabilidade permanente e agora “pretendem conduzir toda a região a uma terrível guerra termonuclear”.
“EUA conduzem a península coreana ao abismo da guerra nuclear” II
O Ministério da Defesa Nacional Sul-Coreano acusou a Coreia Popular de ser responsável pelo aumento das tensões devido à presença de um submarino nuclear estratégico da RPDC na Península Coreana. Choe Ju Hyon qualificou a acusação de nonsense, “é inegável que a localização dos ativos nucleares estratégicos dos Estados Unidos na Coreia do Sul é o principal fator de agravamento da tensão na Península Coreana”. A novidade, segundo Choe, é que desta vez, Washington “instigou seu lacaio” a esconder o império atrás da doce palavra “legitimidade”. A Coreia do Sul diz que é “legítima” a instalação de armas nucleares dos EUA – e controlada pelos EUA – em seu território já que isso conta com a concordância do governo sul-coreano, que, aliás, concorda com tudo que os EUA propõem. Por outro lado, o especialista da RPDC afirma que “a real intenção é livrar o imperialismo da culpa por quebrar o sistema internacional de não proliferação nuclear e levar a região à beira do abismo da guerra nuclear”. Com informações da agência de Notícias ACNC via Prensa Latina.
EUA: Dados apontam possibilidade de recessão
A agência Xinhua informou, na sexta-feira (28) que a economia dos Estados Unidos parece estar desacelerando e pode entrar em recessão este ano, segundo especialistas, indicadores econômicos e grandes empresas. A agência cita a previsão de Desmond Lachman, associado sênior do Instituto Empresarial dos Estados Unidos e ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional, para o qual “É muito provável que a economia entre em recessão no meio do ano“. O PIB do primeiro trimestre de 2023, que mede todos os bens e serviços produzidos nos EUA, cresceu apenas 1,1% em base anualizada, de acordo com o Departamento de Comércio. O crescimento é considerado fraco e abaixo do consenso dos analistas, que esperavam alta de 2%. Esse número marcou uma reversão significativa em relação ao crescimento de 2,6% registrado durante o quarto trimestre de 2022. O relatório decepcionante do PIB não deve ser uma surpresa, considerando que o Federal Reserve (Fed) está atolado no ciclo de alta de juros mais agressivo nos últimos 40 anos, disse Lachman à Xinhua. Além disso, a economia americana já dava sinais de retração antes mesmo da divulgação dos dados do PIB: as vendas no varejo americano caíram 1% em março, devido a cortes no consumo de grandes compras como a compra de automóveis, sinal de que a economia do país está desacelerando. Ao mesmo tempo, o enfraquecimento da demanda levou a uma queda na produção industrial no mês passado. E os lucros das grandes empresas também dão sinais de desaceleração da economia. As atuais “fragilidades” no setor financeiro podem tornar qualquer recessão, em média, “mais severa do que qualquer outra do pós-guerra”, alertou Lachman.
Países árabes exigem saída de “tropas estrangeiras ilegais” da Síria
A agência EFE informa que os chanceleres da Jordânia, Arábia Saudita, Iraque e Egito garantiram, nesta segunda-feira, que a solução para a crise política na Síria passa pela saída de “todas as forças estrangeiras ilegais” da nação árabe, pedindo aos demais países do Oriente Médio que apoiem o retorno de Damasco para a arena regional. Em uma declaração conjunta ao final da reunião consultiva em Amã, o quarteto indicou que “para chegar a uma solução política para a crise síria”, deve haver uma “saída de todas as forças estrangeiras ilegais da Síria, de maneira que seja alcançada a reconciliação e restaurada a segurança, a estabilidade, o bem-estar e o papel internacional do país”.
Continuam os protestos do “bolsonaro paraguaio”
Mesmo tendo ficado em terceiro lugar nas eleições para presidente do Paraguai, que ocorreram neste último domingo (30) e teve como vencedor o direitista Santiago Peña, o candidato da extrema-direita, Payo Cubas (foto acima), comumente chamado de “bolsonaro paraguaio”, seguiu estimulando seus apoiadores a protestar contra uma alegada fraude. Informa a jornalista Júlia Barbon, na edição desta quarta-feira da Folha de S. Paulo: “manifestantes começaram os protestos na frente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, em Assunção, na noite desta segunda (1º) (…) alguns grupos chegaram a bloquear ao menos 60 ruas e estradas até as primeiras horas da manhã (…) também foram registrados diversos episódios de violência e vandalismo em outros pontos da cidade; ao menos dois carros foram incendiados, e um posto de controle da Alfândega, saqueado. Em Caaguazú, a 180 km da capital, uma ambulância com um bebê dentro foi interceptada, apedrejada e pichada, porque o grupo achava que ela transportava boletins de votação. Em Ypané (30 km de Assunção), ônibus foram vandalizados e tiveram que ser tirados de circulação, (os manifestantes) alegam fraude nas eleições, sem provas, com base em vídeos e relatos em redes sociais, alguns deles compartilhados pelo próprio Cubas.” A polícia nacional prendeu, até esta terça-feira (2), 74 pessoas envolvidas nos distúrbios e a Promotoria formou uma equipe específica para apurar os fatos.
Rússia denuncia Crimes de mercenários franceses na Ucrânia
A Rede Voltaire, em matéria publicada nesta quarta-feira (3), informa que a Comissão de Inquérito russa sobre os crimes de guerra cometidos na Ucrânia declarou ter identificado mercenários franceses entre os responsáveis pelo assassinato de 25 prisioneiros de guerra russos. Eles teriam agido como parte do Batalhão neonazista Azov e da 92ª Brigada das Forças Armadas Ucranianas. Segundo reporta a Comissão, haveria 8.000 mercenários estrangeiros na frente ucraniana, principalmente poloneses, estadunidenses, canadenses, romenos e britânicos. Além de outras preocupações, uma salta aos olhos: em geral estes mercenários são militantes de extrema-direita, que ao retornarem aos seus países (os que sobreviverem) podem reforçar os movimentos de caráter neonazista.
Brasil volta a adotar o critério da reciprocidade na emissão de vistos
O Brasil retomou o princípio da reciprocidade na emissão de vistos para cidadãos estrangeiros, adotado historicamente pelo Itamaraty e abandonado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Pelo critério, deve-se cobrar de cidadãos dos outros países as mesmas regras que estes Estados determinam para os brasileiros. Assim, a partir de outubro, o Brasil voltará a exigir que turistas dos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão apresentem visto para entrar no país. A decisão foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira. Com informações do jornal Folha de S. Paulo.
Por Wevergton Brito Lima
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