Súmula Internacional 80 – BRICS: Expansão do Bloco tem apoio de todos os líderes
Leia mais: Atividade empresarial da zona do euro caiu muito mais do que o esperado em agosto / Austrália – Um satélite dócil do imperialismo / Yevgeny Prigozhin, chefe da Wagner, estava entre os passageiros do avião que caiu
O segundo dia da 15ª Cúpula do BRICS foi marcado pelo apoio dos líderes à expansão do bloco. Na parte aberta da sessão plenária dos países membros do BRICS, o primeiro-ministro da Índia foi direto ao ponto: “A Índia apoia totalmente a expansão do número de membros do BRICS. Em 2016, durante a presidência da Índia, definimos o BRICS como um grupo responsivo e inclusivo. Sete anos depois, podemos dizer que o BRICS superará todos os obstáculos, revitalizará as economias, impulsionará a inovação, criará oportunidades e moldará um futuro compartilhado.” Sobre o tema, o presidente da China, Xi Jinping, declarou: “Estou satisfeito em ver o grande entusiasmo dos países em desenvolvimento pela cooperação com o BRICS. Houve muitos pedidos de adesão à aliança, e devemos usar a cooperação do BRICS para acelerar o processo de expansão, de modo que o maior número possível de países possa se juntar à família BRICS e trabalhar juntos para impulsionar a governança global em uma direção mais justa e razoável“. Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul, anfitrião da cúpula, declarou que “Com a entrada de novos membros na organização, o BRICS será muito mais forte.” O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que no dia anterior deixou claro o apoio à expansão, (“com critérios”) em seu discurso desta quarta-feira (23) saudou o fato de que “Muitos países estão interessados em se juntar ao bloco BRICS, mostrando nosso crescente papel no mundo. Além disso, realizaremos uma reunião especial à margem da Cúpula do G20, e essa será mais uma oportunidade para darmos um passo no sentido de enfrentar os desafios existentes e garantir o bem-estar dos povos do mundo. Continuamos a criar um mundo multipolar, justo e inclusivo.” Lula não se furtou a falar da Guerra da Ucrânia, reafirmando o compromisso do Brasil com os princípios da Carta das Nações Unidas, a defesa da soberania e da integridade territorial dos Estados. Lula fez, mais uma vez, a defesa enfática da paz e disse que o Brasil não adere a “soluções unilaterais” para a crise na Ucrânia. Além da Ucrânia, outros temas abordados nas falas dos líderes foram: a reforma substancial da governança global e das organizações internacionais; desenvolvimento do sistema educacional, tanto em cada país como em todo o grupo; cooperação conjunta na exploração espacial; inteligência artificial, etc. O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, participando por videoconferência, defendeu o desenvolvimento “de uma rede global de infraestruturas de pesquisa do BRICS, que poderia ser adotada por um fundo fiduciário especial. Por sua vez, a Rússia está pronta para compartilhar sua experiência acumulada e suas melhores práticas, inclusive no campo da transformação digital e da aplicação da inteligência artificial“. O segundo dia da cúpula do BRICS contou com sessões fechadas e abertas dos líderes dos países membros. Espera-se que os líderes do BRICS aprovem o principal documento da cúpula, a Declaração de Joanesburgo, no final do dia. Com informações da TV BRICS.
Atividade empresarial da zona do euro caiu muito mais do que o esperado em agosto
A agência Reuters, em reportagem de Jonathan Cable, informa que a atividade empresarial da zona do euro caiu muito mais do que se pensava em agosto, com a queda na Alemanha particularmente rápida, enquanto algumas pressões inflacionárias retornaram, segundo pesquisas. A atividade na indústria de serviços diminuiu pela primeira vez este ano e a contração na produção industrial continuou, embora houvesse alguns sinais de uma recuperação nas fábricas. O PMI (Purchasing Managers Index) é um indicador econômico utilizado para medir o desempenho e a atividade do setor de indústria ou serviços de um país ou região. O índice, compilado pela S&P Global na zona do Euro, caiu para 47,0 em agosto, de 48,6 de julho, o nível mais baixo desde novembro de 2020. O valor ficou bem abaixo da marca de 50 que separa o crescimento da contração e abaixo de todas as expectativas em uma pesquisa da Reuters que previa uma ligeira queda para 48,5. O pior: uma parte dessa atividade foi impulsionada por empresas que concluíram encomendas antigas, com o índice de atrasos de trabalho a cair para o seu nível mais baixo desde junho de 2020, quando a pandemia da COVID estava a consolidar o seu domínio em escala mundial. A atividade empresarial na Alemanha, a maior economia da Europa, contraiu-se ao ritmo mais rápido em mais de três anos, à medida que o aprofundamento da desaceleração na produção industrial foi acompanhado por uma nova contração nos serviços. As empresas permaneceram pessimistas quanto às perspectivas, uma vez que o aumento das taxas de juro, a incerteza dos clientes e a inflação elevada continuaram a pesar sobre a procura. Na França, o setor dominante dos serviços contraiu-se ainda mais, à medida que as quedas na procura e as novas encomendas sugeriam que haveria uma contração na segunda maior economia da zona euro neste trimestre. A economia britânica, fora da União Europeia, parece estar em vias de encolher no terceiro trimestre e corre o risco de cair numa recessão, uma vez que o seu PMI mostrou uma queda na produção industrial e uma fraqueza mais ampla face às taxas de juro mais altas. “A contínua queda acentuada nos dados do PMI testará o otimismo de crescimento do Banco Central Europeu”, disse Mark Wall, economista-chefe para a Europa do Deutsche Bank.
Austrália – Um satélite dócil do imperialismo
O Chefe de Estado da Austrália é o Rei da Inglaterra, Charles III, mas o país tem como principal centro de comando os EUA. Ou seja, é uma nação duplamente colonizada, com reduzida soberania sobre sua própria política externa. Os governos da Austrália e dos Estados Unidos da América reúnem-se anualmente para as “Consultas Ministeriais Austrália-Estados Unidos (AUSMIN)”, ocasião em que Washington transmite a Camberra as ordens mais importantes. No dia 29 de julho ocorreu a 33ª AUSMIN, na cidade australiana de Brisbane. A principal novidade é que os serviços secretos dos EUA irão assumir, na prática, o controle da inteligência australiana. O The Guardian, jornal do Partido Comunista da Austrália, publicou, nesta segunda-feira (21), uma matéria com o título: “Espiões dos EUA assumem o controle”. O texto informa que nas recentes conversações AUSMIN em Brisbane, foi anunciado que os agentes de inteligência dos EUA serão integrados na Organização de Inteligência de Defesa da Austrália através de uma nova filial chamada Centro de Inteligência Combinada. Os espiões dos EUA e da Austrália cooperarão na monitorização de questões “de preocupação estratégica partilhada no Indo-Pacífico”, o que, segundo o jornal, é uma tentativa de que o serviço de inteligência da Austrália seja penetrado e colonizado pelos EUA. Segundo a mídia local, os espiões irão examinar minuciosamente as atividades de Estados como China, Rússia e Coreia Popular na região. Para o The Guardian, “a influência dos espiões dos EUA na comunidade de inteligência australiana destina-se claramente a ajudar a garantir que as perspectivas dos EUA dominem o pensamento dos dirigentes políticos australianos ainda mais do que já o fazem. A nova filial terá impacto no desenvolvimento da política australiana e ajudará a garantir que a Austrália continue a ser um aliado dócil e confiável para as forças dos EUA que se preparam para a guerra contra a China”. O The Guardian acrescenta que o Ministro da Defesa, Richard Marles, “na sua habitual perspectiva covarde de aliança inquebrantável com os EUA”, saudou o novo centro como um “passo em frente significativo” no sentido de laços de inteligência “perfeitos”. Traduzindo: o controle nacional da inteligência australiana será entregue de forma servil, concluí o The Guardian.
Yevgeny Prigozhin, chefe da Wagner, estava entre os passageiros do avião que caiu
A Sputnik News reporta que a Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia confirmou que Yevgeny Prigozhin, fundador do Grupo Wagner, estava no avião que caiu na região de Tver, nesta quarta-feira. No entanto, a RT informa que embora a Agência tenha dito que o nome de Prigozhin estava a bordo, ela não declarou explicitamente o chefe Wagner morto. No final da noite de quarta-feira, as autoridades russas disseram que haviam recuperado oito corpos, sem detalhar quem eram os passageiros. Segundo informações divulgadas pelo órgão governamental, o avião transportava 10 pessoas ao todo. Os passageiros Yevgeny Prigozhin, Yevgeny Markaryan, Aleksandr Totmin, Valery Chekalov, Dmitry Utkin, Sergei Propustin e Nikolai Matuseev. Os três tripulantes do avião eram o comandante Aleksei Levshin, o copiloto Rustam Karimov e a comissária de bordo Kristina Raspopova, informou o órgão. Porém, a Sputnik garante que “no início do dia, o Ministério para Situações de Emergência da Rússia disse que o avião particular Embraer Legacy ERG 135, que viajava de Moscou para São Petersburgo, caiu na região de Tver, matando todas as dez pessoas a bordo”.
Por Wevergton Brito Lima
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