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Ambientalistas e agricultores europeus consideram acordo UE-Mercosul “inaceitável”

As polêmicas e as resistências contra o acordo “histórico” entre o Mercosul e a União Europeia se multiplicam neste sábado 29. A assinatura do tratado comercial entre os dois blocos foi anunciada na noite de sexta-feira 28, em Bruxelas. Nesta manhã, o texto é considerado “inaceitável” por agricultores, ONGs do meio ambiente e partidos ecológicos europeus. A política ambiental brasileira está na mira dos opositores ao acordo.

A presidente do FNSEA, o principal sindicato agrícola francês, Christiane Lambert, denunciou no Twitter um “acordo que expõe os agricultores europeus a uma concorrência desleal e os consumidores a uma enganação completa”. Ela critica principalmente as 99 mil toneladas de carne bovina que os quatro países do bloco latino-americano poderão exportar, sem taxas, para a UE.

Segundo o sindicato, a medida complica ainda mais a situação dos 85 mil produtores franceses, já fragilizados pela guerra de preços na França. Prevendo as resistências, o comissário europeu para a Agricultura, Phil Hogan, prometeu na sexta-feira uma ajuda financeira de até € 1 bilhão em caso de distúrbios no mercado do bloco.

Jean-Pierre Fleury, representante do setor de carne bovina do sindicato agrícola europeu Copa-Cogeca se pergunta quem está orquestrando “esta grande liquidação do setor pecuarista europeu?” Em 2018, Fleury foi um dos primeiros a alertar sobre a existência de riscos sanitários da carne brasileira. Segundo ele, no Brasil “a rastreabilidade dos animais é quase inexistente”.

Política ambiental

ONGs e políticos ecologistas também atacam o acordo, principalmente devido à política ambiental do presidente Jair Bolsonaro. Segundo eles, o tratado comercial vai destruir “a Amazônia e a agricultura familiar europeia”. “Que vergonha a Comissão Europeia fazer um pacto com Jair Bolsonaro que é contra os democratas, a comunidade LGBT, as mulheres, a Amazônia, e homologou 239 agrotóxicos desde janeiro”, tuítou o eurodeputado ecologista francês, Yannick Jadot. Ele prometeu que o Partido Verde europeu fará tudo para bloquear o acordo.

Em uma carta aberta, publicada na imprensa em 18 de junho, centenas de ONGs, incluindo 30 coletivos franceses, pediram que à União Europeia interrompesse “imediatamente” as negociações sobre um acordo comercial com o Mercosul, em razão da situação dos direitos humanos e do meio ambiente no Brasil sob o governo de Jair Bolsonaro.

O presidente francês Emmanuel Macron disse em Osaka, no Japão, onde participava da cúpula do G20, que o acordo comercial é bom, mas garantiu que vai ficar atento a sua aplicação. Para entrar em vigor, o texto tem que ser ratificado por todos os países e pelo parlamento europeu, uma etapa que já se anuncia tensa.

Brasil e parceiros do Mercosul comemoram

O Brasil e seus parceiros do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) comemoraram o acordo histórico alcançado com a União Europeia, após 20 anos de negociações. As cotas e tarifas de produtos sul-americanos, como carne bovina, aves, açúcar e etanol, bem como a abertura do mercado automotivo nos países do Mercosul, foram pontos cruciais para chegar a um consenso.

Juntos os quatro países do Mercosul e os 28 da UE (que serão 27 quando o Brexit for formalizado) representam cerca de 25% do PIB mundial, um mercado de 780 milhões de pessoas e uma corrente atual de comércio de US$ 100 bilhões.

Fonte: Carta Capital

 
Os artigos e ensaios publicados na editoria TODO MUNDO (Opiniões e Debates) não refletem necessariamente a opinião do PCdoB sobre o tema abordado.

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