Todo Mundo

Uma visita dos sonhos

— Opa, tudo bem, como é que vai?

— Olá, tudo…

— Desculpe, mas eu sou o seu novo vizinho lá da parte mais pra baixo da rua, e resolvi passar na sua mansão pra me apresentar.

— Ah sim, então bem-vindo, sr…

— Obrigado! E como prova das minhas boas intenções na rua, tomei a liberdade de trazer algumas lembrancinhas para o doutor.

— Lembrancinhas?

— Sim. Aqui, essa é a chave da minha casa, pode entrar quando quiser, não faça cerimônia.

— Ahn, grato. Desculpe, mas não posso te oferecer a minha chave em troca…

— Nem pense nisso! Ela pode cair nas mãos de vizinhos mal intencionados, imagine!

— É verdade, por isso estou até levantando um muro em volta da casa.

— Eu sei, e se precisar de ajuda é só falar. A propósito, a minha casinha é modesta perto da sua, mas tem um quintal enorme, cheio de árvores atrapalhando. Estou cedendo o quintal para você usar quando quiser, dizem que tem coisa boa por lá debaixo das árvores.

— Mas assim, sem mais nem menos? Você não quer nada em troca?

— Nada. Só virar seu amigo já é recompensa. Sou o seu maior fã!

— Ahn, obrigado então.

— Disponha. E sabe aquele vizinho que está com problemas financeiros e que faz uma bagunça danada na rua? Posso dar um pau nele se você quiser, é só mandar!

— Não sabia que você também tinha problemas com ele.

— Não tenho, nunca tive, não tenho nada com isso, mas amigo é pra essas coisas!

— Bem… assim sendo…

— Mais uma coisinha: no sábado vou fazer uma garage sale. Dê uma passadinha lá, tem coisas maravilhosas.

— Vou ver, mas não sei se tenho tempo.

— Passe lá, faço um precinho especial pra você, você paga quanto quiser e quando puder. Segure aí.

— O que é isso?

— A camisa do meu time. Presentão, né?

Jorge Moreira Nunes

 

 
Os artigos e ensaios publicados na editoria TODO MUNDO (Opiniões e Debates) não refletem necessariamente a opinião do PCdoB sobre o tema abordado.

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