Conselho de Direitos Humanos da ONU aprova resolução contra sanções unilaterais
Documento foi proposto pela Venezuela, que sofre com 150 sanções; Brasil foi o único país latino-americano a se opor.
Por Michele de Melo
O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou, nesta terça-feira (23), com 38 votos favoráveis, 15 contrários e duas abstenções, uma resolução que condena os impactos das medidas coercitivas unilaterais.
Estima-se que metade do planeta sofra direta ou indiretamente com sanções econômicas. Somente o Conselho da União Europeia sanciona uma lista de 33 países, enquanto os Estados Unidos penalizam 34 nações.
A resolução foi uma proposta da Venezuela, que desde 2015 sofre com 150 sanções impostas pelos EUA e pelo bloco europeu.
Entre os votos contrários, estão os representantes dos Estados Unidos, França, Reino Unindo e Japão. O Brasil foi o único país latino-americano a se opor ao documento.
O chanceler venezuelano Jorge Arreaza afirmou que, por questão de ética, “os países que votaram contra deveriam perder seu assento no Conselho.”
Arreaza defende que os efeitos das medidas coercitivas são evidentes. No caso venezuelano, o país ficou impedido de realizar transações internacionais com o dólar estadunidense, o que aumentou os gastos cambiários do Estado em US$ 20 bilhões.
Além disso, houve uma queda de 60% do PIB nos últimos seis anos e de 99% na arrecadação do Estado.
Já no caso cubano, estima-se que desde a década de 1960, quando os Estados Unidos implementaram o bloqueio econômico, houve um prejuízo de US$ 114,4 bilhões à economia da ilha caribenha.
Alena Douhan, relatora especial sobre medidas coercitivas unilaterais das Nações Unidas, visitou Caracas em fevereiro deste ano e atestou os “efeitos devastadores” das sanções. Um relatório completo será apresentado em setembro ao organismo.
O próprio secretário geral da ONU, António Guterres, e a Alta Comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, defenderam as suspensões das sanções durante o período de pandemia. O pedido não foi aceito pelas grandes potências econômicas.
Fonte: Brasil de Fato