EUA: Capacidade de autocorreção da democracia está enfraquecendo
O jornal chinês Global Times, publicou nesta quarta-feira (18 – na China a edição já é a de quinta feira, 19) um artigo não assinado (ou seja, reflete a opinião do veículo) sobre os dilemas da “democracia estadunidense”. O diagnóstico é duro. Para o GT, os EUA têm “um sistema político que está fora de controle, um farol que está lentamente se apagando” e, o mais grave, não se trata apenas de ajustar defeitos secundários, o sistema em si mesmo não funciona: “o sistema operacional da máquina é falho, não apenas algumas peças ou componentes. Ele ou produz resultados defeituosos ou se danifica no processo”. Leia, abaixo, a íntegra do texto.
Capacidade de autocorreção da democracia dos EUA está enfraquecendo, com graves consequências
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi novamente alvo de uma tentativa de assassinato, marcando o segundo incidente desse tipo em dois meses.
Quantas mais balas estão direcionadas a figuras políticas americanas? Este evento colocou em evidência a questão da escalada da violência política nos EUA.
Os políticos retomaram suas performances costumeiras em Washington: condenando a violência e clamando por unidade. No entanto, por trás dessas palavras grandiosas está um sistema político que está fora de controle, um farol que está lentamente se apagando.
A mídia e os analistas americanos ofereceram várias explicações: aumento da desigualdade social, polarização política, disseminação de notícias falsas e posse desenfreada de armas.
Alguns até fornecem um contexto histórico, sugerindo que a violência política sempre fez parte da política americana.
A evolução do sistema democrático dos EUA até seu estado atual está ligada a defeitos iniciais nessa máquina. No entanto, ela possui capacidades de autocorreção, e o problema atual é que essa capacidade está enfraquecendo.
Ela não consegue mais acompanhar o progresso global e o desenvolvimento da democracia, nem se adaptar às mudanças políticas e sociais dentro dos EUA.
As falhas dessa rivalidade bipartidária estão se tornando cada vez mais evidentes ao longo do tempo.
O sistema eleitoral americano está gradualmente se tornando um jogo de dinheiro. Quem tem os recursos financeiros pode manipular os resultados das eleições. Corporações e indivíduos ricos influenciam facilmente as direções políticas por meio de doações.
Nesse processo, as vozes dos cidadãos comuns estão se sentindo completamente marginalizadas. Essa política movida por dinheiro exacerba a desigualdade social e mina a confiança pública no sistema político.
O sistema bipartidário se degenerou em uma atuação desonesta. Republicanos e Democratas parecem estar em desacordo, mas, na realidade, estão envolvidos em uma disputa de poder tipo “vai e vem”.
Seus conflitos não se dão em torno da resolução de problemas, mas de ganhar eleições. Nesse processo, o verdadeiro espírito da democracia é deixado de lado, aprofundando a divisão e a polarização social.
As redes sociais nos EUA se tornaram uma ferramenta para espalhar mentiras e ódio. Em um ambiente informacional como esse, é difícil para o público fazer julgamentos racionais, e ideologias extremas e teorias da conspiração florescem.
O sistema judicial americano também foi politizado. Juízes da Suprema Corte deixaram de ser árbitros neutros e se tornaram representantes dos interesses partidários. A lei deixou de ser um símbolo de justiça para se tornar uma arma em disputas políticas. O mais crítico é que essa máquina já não consegue resolver esses problemas, tornando-se, em vez disso, criadora de mais impasses.
Mesmo os políticos mais astutos não conseguem discernir se foi a polarização social que causou a polarização partidária ou o contrário.
Isso toca em um problema mais fundamental: é o próprio sistema que perpetua a violência política. Em outras palavras, o sistema operacional da máquina é falho, não apenas algumas peças ou componentes. Ele ou produz resultados defeituosos ou se danifica no processo.
Os políticos de Washington parecem cientes da gravidade do problema, mas estão impotentes. Continuam a explorar o sistema para ganho político, tentando desviar a atenção ao criar novos adversários.
Os Estados Unidos precisam de uma reforma política. Precisam redefinir o que é a verdadeira democracia e estabelecer um sistema político que genuinamente represente os interesses de todas as pessoas. Essa inclusão é crucial para reconstruir a confiança pública na política.
Enquanto isso, as elites políticas de Washington devem ter cuidado ao usar o termo “democracia” no cenário internacional, pois isso pode lembrar ainda mais as pessoas de prestar maior atenção ao desafio que enfrentam internamente, prejudicando sua reputação.
As balas estão voando, e as consequências potenciais são graves. Quem elas vão atingir? Vamos aguardar para ver.
Fonte: Global Times / Tradução com tradutor online e revisão da redação