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EUA rompem mais um acordo militar internacional, Rússia e China reagem

© Foto / Public domain / IS1 Kenneth Moll, USS Cape St. George

Os EUA notificaram oficialmente a Rússia nesta sexta-feira (22) da retirada do Tratado de Céus Abertos, acusando Moscou de violar os termos do acordo.

O Tratado de Céus Abertos, em vigor desde 2002, permite aos 34 países signatários o monitoramento periódico dos territórios das respectivas nações por aeronaves desarmadas de maneira a aumentar a confiança mútua.

Hoje, no Ministério das Relações Exteriores recebemos uma nota oficial da Embaixada dos EUA declarando que o governo dos EUA decidiu iniciar o procedimento de retirada do Tratado de Céus Abertos“, informou Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores.

A Casa Branca acusou a Rússia de ser responsável pela retirada norte-americana do acordo por incumprimento dos termos do convencionado. O jornal The New York Times cita alegados relatórios secretos do Pentágono e da inteligência americana insinuando que a Rússia poderia estar usando o tratado para monitorar infraestruturas estratégicas dos EUA e arquitetar possíveis ciberataques.

No entanto, o jornal não apresenta documentos nem detalha quaisquer pormenores comprovativos, mas aponta que a retirada deste tratado causará descontentamento entre os aliados europeus de Washington, incluindo os parceiros da OTAN que participam deste acordo.

Contudo, Donald Trump acabou por não descartar que a decisão possa ser alterada se Moscou se comprometer a seguir o estipulado pelo acordo.

A Rússia prontamente rejeitou as acusações. Segundo autoridades do Ministério das Relações Exteriores, não procede a acusação de que o país teria violado o tratado e Moscou condena qualquer tentativa de justificar uma saída citando alguma questão técnica desse acordo, que se mostrou uma base sólida para o aumento da segurança na Europa.

Mikhail Ulyanov, representante permanente da Rússia em organizações internacionais em Viena, destacou que o tratado funcionou por duas décadas garantindo transparência e alto nível de confiança em assuntos militares na região transatlântica. Mas a decisão do atual presidente norte-americano parece refletir a ideia de “nova era” no controle de armamentos do governo dos EUA, para quem isso deve significar “controle nenhum“.

Zhao Lijian: Washington se aferra ao unilateralismo

A China também reagiu. Segundo reporta a agência Prensa Latina, Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, declarou que a decisão dos EUA afetará a confiança e a transparência militar na comunidade internacional. Ainda segundo Zhao Lijian, tal ato é outra evidência da mentalidade de Guerra Fria de Washington, aferrado ao unilateralismo e à política do “America First”.

Por que EUA rasgam acordos?

O especialista militar Aleksandr Zhilin explicou ao serviço russo da Rádio Sputnik que a administração dos EUA está deliberadamente buscando um desalinhamento na esfera da segurança internacional.

Para Zhilin, as notícias vindas da capital norte-americana são extremamente negativas para a comunidade mundial.

Infelizmente, os Estados Unidos estão destruindo todos os acordos fundamentais que têm garantido a segurança no mundo. Tudo isso é triste porque o mundo está sendo privado de pontos de referência básicos em termos de direito internacional“, referiu o especialista, que aponta igualmente o perigo do surgimento de novas armas.

A colocação de armas no espaço não visa apenas a capacidade de atingir alvos terrestres. Eles também planejam atuar sobre o campo magnético da Terra. Ninguém sabe como isso vai acabar. A comunidade internacional deve reagir a isso com uma resposta dura e clara“, afirmou Aleksandr Zhilin.

O especialista também desconfia que a retirada dos EUA de mais um acordo pode significar que Donald Trump não tem intenção de prolongar o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START III), que expira em 2021.

START II pode ser o 4º a ser rompido

Vale recordar que este é o terceiro acordo de controle de armas de que os EUA se retiram durante a administração Trump, após a saída do pacto internacional sobre o programa nuclear do Irã e do tratado sobre mísseis terrestres de médio alcance.

Tenho mais que certeza de que os norte-americanos também estão torpedeando o Tratado START III. A Rússia não pode fazer frente a isto sozinha. Precisamos de uma posição conjunta dos países que realmente se preocupam com sua segurança nacional“, opinou Zhilin.

Contudo, o especialista considera estranho o comportamento de certos países, como a Polônia, que poderá permitir que os EUA instalem armas nucleares em seu território.

Penso que a Rússia vai trabalhar no âmbito da ONU e apresentar iniciativas para atrair outros países para o seu lado a fim de deter este processo extremamente perigoso“, acredita o especialista militar.

 

Fonte: Sputnik com informações de Prensa Latina

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