“Força nas ruas”: após greves, presidente do Equador decreta estado de exceção
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, decretou estado de exceção em todo o território nacional por 60 dias, ordenando que as Forças Armadas saiam às ruas. A medida foi determinada logo após o início de uma greve de agricultores e trabalhadores do transporte pelo aumento dos preços do combustível.
Por Michele de Mello
Lasso alega “insegurança” e o combate ao narcotráfico como justificativas para estado de sítio.
O novo Plano de Segurança Nacional anunciado na segunda-feira (18) será coordenado pelo novo ministro da Defesa, general Luis Hernández Peñaherrera, empossado também na noite de segunda.
“Nossas Forças Armadas e Forças Especiais se sentirão com força nas ruas, porque estamos decretando estado de exceção em todo o país, especialmente onde os indicadores de violência justifiquem. Serão realizados controles de armas, inspeções, patrulhas 24h por dia“, declarou Lasso em cadeia nacional de televisão.
No dia 30 de setembro, o presidente equatoriano já havia decretado estado de sítio em todas as penitenciárias do país como resposta à maior chacina carcerária da história, que terminou com 116 mortos na Penitenciária do Litoral, em Guayaquil.
Entre 2020 e 2021, os casos de assassinatos duplicaram no Equador, um total de 1.213 homicídios nos primeiros oito meses do ano. Os estados mais violentos são da costa do pacífico, começando por Guayas, Manabí, El Oro e Los Ríos.
O Decreto também prevê que o ministério de Economia ofereça mais verbas públicas para a área de segurança durante o período do estado de sítio.
Além disso, o chefe de Estado assegurou que criará uma Unidade de Defesa Legal da força pública para “proteger todos os membros da Polícia e das Forças Armadas que sejam demandados por simplesmente cumprir com seu dever“.
Nesta terça-feira (19), Lasso tem agenda com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, no Palácio de Governo para discutir novos acordos comerciais, o “fortalecimento da democracia e a segurança nacional“, segundo comunicado.
Os anúncios chegam num momento conturbado para a gestão de Lasso. Além da violência no sistema penitenciário e da mobilização de trabalhadores do campo e do setor de transporte, o mandatário também é alvo de uma comissão parlamentar que investiga sua relação com 11 empresas em paraísos fiscais. O caso foi revelado pelos Pandora Papers.
O Executivo manteve a suspensão da política de subsídios aos combustíveis, implantada pelo seu antecessor, Lenín Moreno. Agora, o combustível passa por reajustes mensais de acordo com a variação do mercado internacional. A nova política de preços aumentou os custos de toda a cadeia produtiva, gerando escassez no litoral do país.
Diante desse cenário, segundo a última pesquisa de opinião da empresa Clima Social, 52,3% avalia a gestão de Lasso como negativa.
Fonte: Brasil de Fato