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Síria considera regressar à Liga Árabe, mas “não se sujeitará a chantagens”

Soldado sírio junto a uma bandeira nacional nas imediações dos Montes Golã ocupados / Foto: Sputnik News

“Quem tentar ignorar a Síria ou impor-lhe condições para voltar à Liga Árabe não terá sucesso”, disse o vice-ministro sírio dos Negócios Estrangeiros, que denunciou a ingerência fomentada pelo Ocidente.

Ao fazer uso da palavra, neste domingo à noite (3), num encontro com funcionários da Sociedade Britânico-Síria, em Damasco, Faisal Mekdad sublinhou que a “Síria é o coração do arabismo” e que “a Liga Árabe sem a Síria é um coração que não palpita”.

Deixou claro, no entanto, que o seu país não “se sujeitará a chantagens, ao desrespeito por qualquer coisa relativa aos seus assuntos internos”, nem irá alterar o seu posicionamento sobre “as causas justas que defende”.

“Para nós, o importante é a posição do nosso país na região e a sua participação em todas as questões cruciais da Nação Árabe”, disse, citado pela Prensa Latina, acrescentando que as decisões tomadas contra a Síria, especialmente a nível regional, surgiram e foram implementadas na sequência de instruções externas, de pressões norte-americanas.

Suspensão da Liga Árabe e regresso das embaixadas

Em novembro de 2011, em plena campanha anti-Assad e pouco depois do início da guerra de agressão contra a Síria, que se prolonga há oito anos, a Liga Árabe suspendeu a participação da Síria – um dos seus estados fundadores – no organismo regional integrado por 22 países. A decisão foi aprovada com 18 votos a favor, três contra – Líbano, Iêmen e Síria – e uma abstenção (Iraque).

Vários estados-membros da Liga Árabe fecharam então as suas embaixadas em Damasco, mas, com o Exército Árabe Sírio (EAS) e os seus aliados a alcançarem vitórias sucessivas sobre os grupos terroristas – financiados e apoiados pelo Ocidente, a Turquia, as petro-ditaduras do Golfo e Israel – no ano passado começaram a verificar-se movimentações de teor diplomático, por parte de países da Liga Árabe, com vista ao restabelecimento de relações formais com Damasco.

Em dezembro, os Emirados Árabes Unidos tornaram-se o primeiro país do Golfo a reabrir a sua embaixada na capital síria. O Bahrain, o Kuwait, a Tunísia, o Egito, a Mauritânia e o Sudão também anunciaram querer reabrir as suas sedes diplomáticas em Damasco.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros referiu-se a este fato, tendo afirmado que “está a seguir tudo o que tem a ver com o regresso da Síria à Liga Árabe e com o regresso das embaixadas a Damasco, trabalhando para o conseguir”, mas denunciou que existem “pressões a nível regional e internacional” para impedir a concretização destes passos.

Pressão econômica e política

Faisal Mekdad disse que as sanções econômicas unilaterais impostas pelos Estados Unidos e os países ocidentais foram, juntamente com os seus instrumentos na região, “a principal razão do sofrimento do povo sírio”.

“Por outras palavras – explicou Mekdad –, aquilo que os países ocidentais não conseguiram impor à Siria pela via militar vão tentar fazê-lo por via política e com a pressão econômica, mas isto jamais acontecerá, pois somos um povo livre, independente e soberano”.

“Somos sempre otimistas. As vitórias são grandes. Só falta Idlib e o chamado Leste do Eufrates (regiões fora do controle do EAS)”, destacou, acrescentando: “Os países ocidentais e da região que lançaram a guerra contra a Síria já não podem apostar em alcançar nenhum dos seus sonhos; só lhes resta provocar uma escalada na guerra econômica.”

Fonte: AbrilAbril

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