Visão Global

Súmula Internacional 45 – Cresce a extrema-direita alemã, aponta pesquisa

Leia também: Notícias sobre o conflito na Ucrânia / Importante – Arábia Saudita, EAU, Irã e Omã, anunciam força naval conjunta / Demissões nos EUA cresceram 315%, diz agência / Globo pede vaquinha para site opositor na Venezuela que é financiado pela Inglaterra.

Reportagem da agência de notícias AP publicada nesta segunda-feira (5), informa que o apoio ao partido de extrema-direita AfD está em níveis recordes. Segundo a pesquisa DeutschlandTrend, realizada mensalmente para a emissora pública ARD, a intenção de voto no Alternativa para a Alemanha é de 18%, a mesma do Partido Social-Democrata do chanceler Olaf Scholz. Nas eleições de 2021, o partido de Scholz obteve 25,7% dos votos, contra 10,3% do AfD. Com a Alemanha enfrentando uma recessão técnica, a coalizão de Scholz com os ambientalistas Verdes e Democratas Livres está enfrentando fortes ventos contrários. Embora pesquisas apontem para um apoio majoritário da opinião pública à Ucrânia no conflito com a Rússia, uma parte significativa da população rejeita este apoio. O Die Link, maior partido de esquerda da Alemanha está divido quanto à guerra. Em fevereiro de 2023, a deputada e líder da Plataforma Comunista (uma corrente que atua dentro do Die Linke) Sahra Wagenknecht, lançou um manifesto público que alcançou 750 mil assinaturas, contra o fornecimento de armas à Ucrânia e conseguiu articular manifestações massivas, com dezenas de milhares de pessoas, exigindo que a Alemanha trabalhasse pela paz e não pela continuidade da guerra. Embora a iniciativa da Plataforma Comunista esteja crescendo, influenciando até setores no interior do próprio partido de Scholz, recentemente vaiado em uma reunião da juventude do PSD, o fato é que o campo que se situa à esquerda na política alemã está muito dividido sobre o conflito, enquanto a extrema-direita está unificada no discurso contra o “desperdício de recursos (…) em uma guerra que não é nossa”, o que pode estar ajudando a consolidar seu crescimento na medida em que a crise econômica avança e aumentam as dúvidas dos trabalhadores alemães sobre o custo do apoio à Ucrânia em detrimento dos interesses nacionais.

Notícias sobre o conflito na Ucrânia

A destruição (parcial ou total, existem versões contraditórias a respeito) da represa de Nova Kakhovka, ocorrida na madrugada desta terça-feira (6), é o fato mais significativo do dia no marco da Operação Militar Especial da Rússia na Ucrânia e desencadeou nova guerra de versões. A maioria da mídia hegemônica, embora registrando que a Rússia nega a autoria, responsabiliza o exército russo, corroborando assim a versão da Ucrânia e da Otan. Kiev alega que Moscou planejava há meses explodir a represa, inundando toda a área de Nova Kakhovka (ou Novaia Kakhovka, na grafia russa) até a foz do rio Dnieper, o que impediria o avanço de tropas ucranianas em sua contraofensiva. Informa a Folha de S. Paulo que “Zelenski reuniu-se emergencialmente com seu conselho de segurança e acusou os russos. ‘Nesta noite, às 2h50 (20h50 de segunda em Brasília), terroristas russos provocaram uma explosão nas estruturas da Usina Hidrelétrica de Kakhovka. Cerca de 80 localidades estão na zona de inundação’“, afirmou.

A versão Russa

Foto: © AP Photo

A Federação Russa, por sua vez, acusa a Ucrânia e baseada em argumentos sólidos: a área inundada afeta regiões que estão sobre o controle russo, incluindo a usina nuclear de Zaporozhie, o que torna o efetivo russo responsável por lidar com as consequências de um evento deste porte. A represa destruída garantia o fornecimento de água usada para o crucial resfriamento da usina nuclear, sem o qual ela pode colapsar com implicações gravíssimas. A represa era também a principal fonte de abastecimento de água para a Criméia, território russo desde 2014. Em outubro de 2022, o representante permanente russo no Conselho de Segurança da ONU, Vasily Nebenzya, denunciou formalmente que Kiev estava preparando uma provocação “monstruosa” em torno da região, ameaçando a segurança da represa com um bombardeamento incessante. O que parece ser confirmado pelo prefeito de Nova Khakovka, que em declaração logo após a destruição da represa afirmou que ela não foi explodida, mas bombardeada com foguetes do sistema ucraniano Vilkha. O argumento de que a inundação impediria a opção de uma contraofensiva ucraniana pela área de Novaia Kakhovka não é levada a sério nem pelos analistas militares atlantistas, que consideravam esta hipótese muito remota pelas dificuldades operacionais.

E a contraofensiva ucraniana?

Um consenso estava estabelecido antes do início da ambiciosa contraofensiva ucraniana, que planejava chegar até a Criméia: se ela fracassasse ou se tivesse resultados tímidos, isso inevitavelmente comprometeria a manutenção do atual nível de apoio do Ocidente. Alguns sinais de que a contraofensiva não está progredindo como o esperado e o terreno já está sendo preparado para enfrentar politicamente esta adversidade, parecem estar surgindo no horizonte. Embora vozes influentes ligadas ao Partido Democrata de Joe Biden, como o economista Paul Krugman, continuem propagandeando a necessidade de apoio total à “causa ucraniana”, sintomaticamente a postura da mídia hegemônica internacional que está cobrindo a destruição da represa, embora consistentemente respaldando a versão pró-Otan, está se permitindo mais nuances e dando um destaque raro à versão russa. O New York Times, por exemplo, diz que “não está claro quem foi o responsável”, precaução antes difícil de encontrar neste jornal quando se tratava de acusar a Rússia de qualquer coisa que fosse. O NYT também publicou uma reportagem nesta segunda-feira, divulgando a descoberta de símbolos nazistas usados de forma abundante entre as tropas ucranianas. Os autores da reportagem, Thomas Gibbons-Neff, com colaboração de Kitty Bennett e Susan C. Beachy, são cuidadosos em preservar o regime de Zelensky, mas admitem que “a presença de emblemas nazistas nos uniformes de algumas tropas ucranianas leva o país a correr o risco de alimentar a propaganda russa”. O texto relata os vários emblemas nazistas encontrados nas tropas, inclusive o “Sol Negro”, a qual esta Súmula Internacional fez referência no dia 9/5. O “sol negro” era o símbolo usado pelo general alemão Heinrich Himmler, chefe das SS. O jornalista da Folha de S. Paulo, Nelson de Sá, comenta: “o que importa, como salientou Glenn Greenwald no Rumble, é que o NYT admite o que é óbvio, mas foi escondido, ou seja, que o exército ucraniano, que o governo dos EUA financia e ao qual fornece armamento pesado, está tomado por batalhões nazistas“. E em consequência deste raciocínio, surge a pergunta: o que todos já sabiam, por que o NYT só resolveu revelar agora?

E a contraofensiva ucraniana? – II

Foto: © Sputnik / SPUTNIK

Dmitry Peskov, porta-voz do presidente da Rússia, garante que a sabotagem de Kiev na usina hidrelétrica de Kakhovka está relacionada com a falta de sucesso durante a ofensiva das tropas ucranianas, que está sendo sufocada. “Aparentemente esta sabotagem está também relacionada ao fato de que, tendo lançado uma ofensiva em larga escala há dois dias, as Forças Armadas ucranianas não estão alcançando os objetivos definidos. Estas ações ofensivas estão sendo sufocadas”, disse Peskov aos jornalistas, segundo reporta a agência Sputnik News. A alegação de Peskov parece ter base na realidade ao se analisar as informações que circulam na mídia ucraniana, que noticiou o início da tão aguardada contraofensiva, mas sobre ela emite agora apenas informes vagos e limita-se a continuar afirmando que a Rússia mente, enquanto o lado russo divulga vídeos mostrando tanques fornecidos pela OTAN destruídos e abandonados e divulgando números de pesadas perdas ucranianas. O desenrolar dos fatos nas próximas semanas deve esclarecer o rumo das coisas, que tudo indica, pode trazer péssimas notícias para o presidente ucraniano e suas tropas do “sol negro”.

Importante: Arábia Saudita, EAU, Irã e Omã, anunciam força naval conjunta

Uma notícia que recebeu pouco destaque nas agências internacionais tem, no entanto, um tremendo impacto geopolítico. Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Omã anunciaram, nesta última sexta-feira (2), que formarão uma força naval conjunta para melhorar a segurança marítima no Golfo Pérsico. A informação foi divulgada pelo site Qatari Al-Jadid, referindo que a China já começou a mediar as negociações entre os países com o objetivo de reforçar a segurança da navegação marítima na estratégica região do Golfo Pérsico. Nesse sentido, o comandante da Força Naval do Exército iraniano, o contra-almirante Shahram Iraní, disse que os países do Golfo “estão formando novas coligações na região e fora dela”, acrescentando em seguida que “esta coligação específica está se desenvolvendo em conjunto com a Rússia e a China, no âmbito da qual estão sendo realizados exercícios anuais”. Essa aliança militar entre os países do Golfo Pérsico (pois é disso que se trata) pode representar um tiro de morte no cerco marítimo que os EUA promovem contra o Irã e revela mais um importante movimento no tabuleiro da geopolítica em desfavor do imperialismo. A reação estadunidense, aliás, veio rápida, expressa no sábado (3), pelas declarações do comandante Timothy Hawkins, porta-voz da Quinta Frota da Marinha dos EUA, que afirmou ao portal Breaking Defense que uma aliança naval do Irã com a Arábia Saudita e outras nações do Golfo Pérsico “desafia a razão”. Hawkins então repetiu as mesmas alegações de Washington de que o Irã é a causa da “instabilidade regional” e afirmou que os EUA “continuarão a fortalecer, em conjunto com seus parceiros, a defesa em torno do Estreito de Ormuz“.

Demissões nos EUA cresceram 315%, diz agência

As empresas norte-americanas anunciaram 80.089 demissões em maio, um aumento de 287% face ao mesmo mês do ano passado, segundo um relatório da empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas, publicado na última quinta-feira (1º/5). Desse número, 3.900 das demissões ocorreram por causa do emprego de inteligência artificial (IA). No total, desde o início de 2023 até maio, foram 417,5 mil trabalhadores demitidos. Segundo o estudo, trata-se de um aumento de 315% face ao período homólogo de 2022, e representa o maior corte desde 2009, com exceção de 2020, quando, devido ao pico da pandemia, 822.282 postos foram cortados. “A confiança do consumidor caiu para o nível mais baixo em 6 meses e as vagas de emprego estão se contraindo. As empresas parecem estar freando as contratações em antecipação a uma desaceleração“, disse Andrew Challenger, vice-presidente executivo da Challenger, Gray & Christmas. Com informações de agências internacionais.

Globo pede vaquinha para site opositor na Venezuela que é financiado pela Inglaterra

Na edição desta segunda-feira o jornal O Globo faz a propaganda de um site de oposição da Venezuela chamado Efecto Cocuyo, dizendo que ele sofre censura do governo Maduro e divulgando uma campanha de arrecadação online para ajudar os bons moços da direita venezuelana, pobrezinhos. Duas observações são necessárias. O site está plenamente ativo e com todas as suas colunas acessíveis, batendo duro no Maduro e no Lula. Praticamente uma versão ideológica de O Globo em espanhol, sem o Merval Pereira, o que não deixa de ser uma vantagem. Veja no endereço (https://efectococuyo.com/). Outra coisa que seria bom O Globo informar aos seus leitores: documentos vazados do Ministério das Relações Exteriores da Inglaterra, revelam que pelo menos até 2021 o Efecto Cocuyo recebeu, por baixo, o equivalente a US$ 1 milhão do governo britânico para atacar o legítimo governo da Venezuela. Em julho de 2019, a editora da Efecto Cocuyo, Luz Mely Reyes, falou no evento Global Conference for Media Freedom do governo do Reino Unido em Londres. O então secretário de Relações Exteriores Jeremy Hunt, dirigindo-se à conferência, disse que Reyes “desafiou o regime de Maduro ao cofundar um site de notícias independente, Efecto Cocuyo“, sem mencionar as ligações do site “independente” com o governo britânico. Não se sabe, ainda, quanto o Efecto Cocuyo recebeu de outros centros imperialistas, que têm programas de incentivo milionário para as mídias que defendem valentemente os privilégios de suas endinheiradas oligarquias e, por tabela, os interesses dos patrões imperialistas dos quais estas mídias “independentes” dependem totalmente.

Por Wevergton Brito Lima

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