Covid-19: PCs da América do Sul fazem declaração conjunta
Neste domingo (29), 12 partidos comunistas sul-americanos, entre eles o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), divulgaram uma declaração conjunta sobre a epidemia do coronavírus. Os Partidos Comunistas exigem que sejam garantidos “os direitos dos trabalhadores, desempregados e subempregados” e constatam que “a experiência atual põe em relevo a natureza antissocial e parasitária do neoliberalismo e destaca a superioridade da intervenção do estado nas áreas vitais de qualquer nação e o planejamento com base nas necessidades populares, além de demonstrar que intervenção e planejamento não podem ser governados pela lógica mesquinha do capitalismo”. Leia, abaixo, a íntegra da declaração.
Pandemia Mundial: Declaração dos partidos comunistas da América do Sul
Os Partidos Comunistas da América do Sul destacam com orgulho de classe o papel decisivo dos trabalhadores de diferentes ramos e, fundamentalmente, da saúde, na luta contra a pandemia de Covid-19 que está devastando o mundo.
Congratulamo-nos com a teleconferência dos Ministros da Saúde e dos Ministérios das Relações Exteriores convocados pela presidência pro tempore mexicana da CELAC, uma vez que esta é o único espaço em que todos os países de Nossa América podem se encontrar com a presença inestimável de Cuba, a vanguarda mundial em inovação médica e bioquímica e ética humanística, envolvendo também a Organização Pan-Americana da Saúde e uma delegação de alto nível da República Popular da China.
A pandemia de CoVID-19 demonstra tragicamente as profundas deficiências dos sistemas de saúde pública na maioria dos países da região, que eram conhecidas antes do surgimento do coronavírus. Essas deficiências são o resultado de políticas antipopulares aplicadas pelos governos a serviço do grande capital para comercializar e privatizar os serviços de saúde, apoiando a lucratividade de grupos monopolistas.
Essas políticas, além disso, minaram as capacidades científicas e tecnológicas disponíveis para satisfazer as necessidades de prevenção e atenção maciça à população. A experiência atual põe em relevo a natureza antissocial e parasitária do neoliberalismo e destaca a superioridade da intervenção do estado nas áreas vitais de qualquer nação e o planejamento com base nas necessidades populares, além de demonstrar que intervenção e planejamento não podem ser governados pela lógica mesquinha do capitalismo. Isso implica, em questões de saúde, proporcionar atenção primária e prevenção, hospitais decentes, laboratórios equipados, médicos e enfermeiros, medicamentos, respiradores, testes, exames e tudo o que for necessário para satisfazer as necessidades constantes e urgentes dos povos.
Consideramos essencial garantir os direitos dos trabalhadores, desempregados e subempregados, das camadas sociais mais pobres, como um gesto humano e solidário que, ao mesmo tempo, assegura a manutenção básica da atividade econômica. O pagamento dos salários deve ser garantido, assim como uma renda mínima para todos os trabalhadores informais. Não são eles que devem pagar pela crise. Para esse fim, as políticas de austeridade fiscal devem ser revertidas e o Estado deve assumir responsabilidades extraordinárias para manter a atividade econômica, inclusive garantindo a contribuição dos sistemas bancários-financeiros para esse fim.
É necessário, de uma vez por todas, acabar com o bloqueio e outras medidas coercitivas unilaterais contra Cuba e Venezuela e com as ações contra a Nicarágua, cujo caráter egoísta, discriminatório e injusto se destaca ainda mais em meio a essa situação crítica. Nesse sentido, valorizamos as palavras do Presidente da Argentina, Alberto Fernández, que, além de adotar um conjunto de medidas adequadas em situações de emergência, falou com dignidade a esse respeito.
É preciso e urgente perdoar definitivamente as dívidas externas de nossos países junto ao FMI e aos bancos internacionais usurários.
Agradecemos sinceramente aos médicos e enfermeiras, aos funcionários dos hospitais, das unidades de saúde que estão lutando e enfrentando grandes dificuldades. Expressamos nossa solidariedade a todos os afetados pela pandemia de CoVID-19 e desejamos a eles uma rápida recuperação da doença.
Saudamos os países que estão realizando ações de solidariedade com os países mais afetados – com o envio de materiais de proteção, ventiladores e profissionais de saúde – como China, Cuba e Rússia, que contrastam com as ações dos Estados Unidos e da OTAN, que persistem no envio de tropas, como fizeram recentemente em vários países da Europa, apoiando enormes orçamentos militares que não são disponibilizados para a saúde e bem-estar social.
Lutamos por profundas transformações que virão da mão da união entre trabalhadores e os povos. Nos posicionamos com responsabilidade e com um senso de humanidade. Estamos presentes na luta para tomar medidas imediatas para proteger a saúde e salvaguardar os direitos de todos os povos em todos os cantos do planeta.
Assinam:
Partido Comunista da Argentina
Partido Comunista Boliviano
Partido Comunista do Brasil
Partido Comunista Brasileiro
Partido Comunista da Colômbia
Partido Comunista do Chile
Partido Comunista do Equador
Partido Comunista Paraguaio
Partido Comunista do Peru – Pátria Roja
Partido Comunista Peruano
Partido Comunista do Uruguai
Partido Comunista da Venezuela
29/03/2020