Súmula Internacional

Súmula Internacional 05 – Celso Amorim reúne-se com Putin e debate Ucrânia

Informa o jornal Folha de S. Paulo, em sua edição desta terça-feira (4), que o assessor especial do governo Lula para política externa, o ex-chanceler Celso Amorim, “realizou uma viagem discreta à Rússia e à França na última semana para prospectar cenários para uma negociação de paz no contexto da Guerra da Ucrânia”. Celso Amorim foi recebido pelo Ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov e pelo próprio presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, com quem se reuniu por cerca de uma hora, informa o jornal paulista. No mundo das relações internacionais, os cargos oficiais têm grande valor e Celso Amorim não tem um posto formal no primeiro escalão do Itamaraty. Assim, ser recebido pelo chanceler da Rússia já seria uma deferência especial, mas o singular gesto de Putin revela a importância que a Rússia atribui às relações com o Brasil e o cuidado que dedica ao tema. Informa ainda a Folha que “após Moscou, o ex-chanceler esteve em Paris. O principal encontro foi com o diplomata Emmanuel Bonne, conselheiro do presidente Emmanuel Macron para temas de relações internacionais, função semelhante à de Amorim”.

Celso Amorim: Negociações de Paz não acontecerão em curto prazo

Como saldo das conversas citadas na nota anterior, o experiente diplomata brasileiro concluí, segundo texto publicado na Folha de S. Paulo: “Não há solução imediata. É preciso preparar um quadro para quando a vontade política se materializar. Quando ficar claro para um lado ou para o outro que o custo da guerra é maior que o de eventuais concessões, aí sim as ideias para a paz poderão fluir.” Durante a viagem de Amorim, foi confirmada a vinda a Brasília do chanceler russo, Serguei Lavrov, no próximo dia 17.

Esperada contraofensiva ucraniana divide opiniões nos EUA

Militares ucranianos se preparam para atirar em posições russas com um obuseiro M777, fornecido pelos EUA / Foto: © AP Photo – Evgeniy Maloletka

Os EUA e a OTAN esperam que Kiev lance uma contraofensiva nas próximas semanas, declarou a representante permanente dos EUA na aliança, Julianne Smith. Segundo ela, tanto a aliança quanto os americanos querem garantir que a Ucrânia terá êxito na ofensiva durante a primavera europeia, ou seja, nas próximas semanas. Entretanto, o chefe do Estado-Maior Conjunto do Exército dos EUA, Mark Milley, afirmou que a possibilidade de Kiev ter sucesso contra as tropas russas é muito baixa. “Não digo que seja impossível (…) Porém não acredito que seja possível a curto prazo neste ano“, afirmou. As declarações de altos funcionários estadunidenses ocorrem em um contexto de promessas da liderança ucraniana de lançar uma ofensiva contra as forças russas na primavera europeia, ao mesmo tempo que reforçam os pedidos ao Ocidente para o fornecimento de armas avançadas, como caças ou mísseis táticos ATACMS, com alcance de 300 quilômetros. As informações são da agência Sputnik News.

Colunista ataca Cuba

Notícias sobre Cuba na mídia hegemônica brasileira são, com raríssimas exceções, sambas de uma nota só. Foi nesta toada que a colunista da Folha de S. Paulo, Sylvia Colombo, publicou, no dia 1º de abril, um texto com o título: “Caso de Elián, marco da disputa entre EUA e Cuba, mostra que nada muda em Havana”. O leitor lembrará, provavelmente, de Elián González, que no ano 2000, muito criança, foi levado ilegalmente para os EUA e só depois de uma grande campanha pessoalmente liderada por Fidel Castro, retornou à ilha aos 6 anos de idade. Sylvia, para provar que “nada mudou em Cuba” informa que Elián – vejam vocês que absurdo – foi eleito deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular, no pleito do dia 26 de março, e ataca as eleições cubanas com os mesmo argumentos que já rebatemos na Súmula Internacional do dia 31/03. Segundo a divertida análise de Sylvia, um processo eleitoral que conta com o apoio de 75,87% dos eleitores, “está desgastado” e cita uma declaração do próprio Elián que, talvez tirada do contexto, parece dar razão ao seu veredito: “As pessoas deram um voto de castigo, e dá para entender, precisamos fazer mais“. Por outro lado, Elián diz que “a mão de Fidel estará sempre em meu ombro” e, ao defender a melhora das relações dos EUA com Cuba faz a ressalva: “o império é traiçoeiro“.

Qual a mudança que a colunista da Folha deseja para Cuba?

Crianças em Cuba antes da revolução: à esquerda, uma menina de pé sobre um tijolo mal chega à bacia onde lava roupas para ganhar alguns trocados. À direita, alguns meninos reviram lixo

 Ao contrário do que afirma Sylvia Colombo, Cuba está em constante processo de mudança. Atualmente o país passa por grandes transições, fruto da atualização do modelo econômico; no ano passado aprovou um novo e avançado Código de Família e no dia a dia apenas com muita inventividade e criatividade pode-se mitigar um pouco os efeitos do cruel e ilegal bloqueio que a heroica ilha suporta com coragem. Tudo isso sempre debatido exaustivamente com o povo, no verdadeiro exercício de democracia popular. A única coisa permanente em Cuba é a defesa da Revolução, que promoveu mudanças de fundo e transformou radicalmente a realidade cubana, e é isso que incomoda pessoas como Sylvia, acostumadas com as mudanças cosméticas que ocorrem nas sociedades burguesas, expressas na famosa frase do personagem de um romance italiano: “Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”.  Não quero, no entanto, individualizar a questão. Há 64 anos a Folha de S. Paulo deseja que Cuba mude em direção ao passado, voltando a ser um protetorado dos EUA com seu povo explorado e humilhado. Sylvia, obedientemente, apenas dá continuidade a esta antiga obsessão do seu patrão por “mudanças” em Cuba.

Escravidão de Migrantes na África

O jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, repercute informações divulgadas pela Unicef e pela BBC e que têm sido pouco comentadas: a escravidão de migrantes em certas regiões da África. Diz o Granma: “Enquanto as notícias da guerra na Ucrânia, o enredo do julgamento de Donald Trump e a falência dos bancos nos EUA dominam as manchetes dos principais meios de comunicação, uma tragédia passa sem atrair quase nenhuma atenção aos olhos do mundo: milhares de migrantes africanos são vendidos nos novos mercados de escravos como mercadorias baratas. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) está ciente da existência desses mercados no norte da África. Depois de deixar suas casas e viajar milhares de quilômetros, homens, mulheres e crianças são vendidos e comprados para trabalhar, sequestrados para resgate de seus parentes ou usados como escravos sexuais”.

Nord Stream 1 e 2: Cadáver em reunião de família

O correspondente da Folha de S. Paulo para a Ásia, Nelson de Sá, publicou uma interessante coluna na edição desta terça-feira. Ele diz que a autoria da sabotagem contra o gasoduto russo-germânico Nord Stream é assunto tabu: “Em reuniões europeias e da Otan, as autoridades estabeleceram um padrão, disse um diplomata sênior europeu: ‘Não fale sobre Nord Stream’. Veem pouca vantagem em se aprofundar e encontrar uma resposta incômoda, disse, ecoando o sentimento de vários colegas em outros países. ‘É como cadáver em reunião de família’, disse o diplomata. Todos podem ver que há um corpo ali, mas fingem que as coisas estão normais. ‘É melhor não saber.‘” Fica claro o porquê do empenho dos EUA e aliados em impedir que o Conselho de Segurança da ONU determinasse a apuração do ataque terrorista contra o gasoduto.

Bancos chineses aumentarão o apoio ao crédito para a economia real

 O jornal Global Times, na edição desta terça-feira, informa que as autoridades financeiras da China estão incentivando os bancos a reduzir os custos de empréstimos para a economia real. Durante suas teleconferências de resultados, funcionários de muitos bancos prometeram aumentar o crédito para a economia real este ano. Zhang Xuguang, vice-chefe do Banco Agrícola da China, declarou que a tendência macroeconômica da China tem sido positiva até agora este ano, com o consumo e a produção industrial se recuperando. O banco manterá um crescimento constante na concessão de crédito e no investimento em títulos, disse Zhang. Hao Cheng, vice-chefe do Banco de Comunicações, disse que o banco continuará a promover a otimização da estrutura de crédito e manterá seu serviço à economia real. O banco pretende expandir os empréstimos em yuans em cerca de 12%.

Contradição? Maioria apoia indiciamento de Trump, mas vê componente político

Trump chega em Nova York

Como informamos na edição de ontem da Súmula Internacional, Donald Trump chegou a Nova York nesta terça-feira para se apresentar amanhã à justiça e tomar conhecimento oficial das acusações que sustentam seu indiciamento. Pesquisa da CNN americana aponta que 60% dos americanos aprovam o indiciamento. Apesar disso, 76% afirmam que a decisão da Justiça teve algum componente político, sendo que, para 52%, a política ocupou um espaço central. Outro levantamento, este da ABC News/Ipsos, apontou que 45% dos entrevistados acham que Trump deveria ser condenado pelo caso. Sobre a disputa no partido Republicano visando as prévias que indicarão o candidato do partido à presidência, pesquisa YouGov divulgada na sexta (31/3), um dia após o anúncio do indiciamento, mostrou o ex-presidente com 57% das intenções de voto entre os eleitores republicanos, bem à frente dos 31% do governador da Flórida, Ron DeSantis.

Opep+ anuncia corte inesperado de 1 milhão de barris de petróleo por dia

A Carta Capital noticiou que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) decidiu, neste domingo (2), promover um corte de mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia, a partir do próximo mês de maio. Segundo a organização, a redução pode chegar a 1,6 milhão de barris a partir de julho. A redução não era esperada pelo mercado, uma vez que não houve reunião formal da Opep+. Como consequência da decisão, informa o site, “países como Rússia, Arábia Saudita e Iraque irão reduzir as produções a partir de maio; a medida pode ter impactos geopolíticos e inflacionários”.

Cientistas chineses acham gigantesco reservatório de água na Lua

De acordo com o site Dongsheng, apoiando-se em informações da Reuters e da Nature Geoscience, pesquisadores chineses descobriram depósitos lunares que podem conter até 270 trilhões de quilos de água. O líquido está dentro de esferas de vidro, formadas por rochas derretidas e resfriadas geradas pelo vento solar e que contêm moléculas de água, o que ao longo do tempo fez surgir reservatórios naturais. As amostras de solo lunar foram coletadas pela missão Chang’e-5 da China em 2020, a primeira a fazê-lo desde uma missão da União Soviética em 1976. Segundo os cientistas, esse processo lunar pode ter se repetido em outros corpos sem ar do sistema solar, como Mercúrio e produzir água.

Por Wevergton Brito Lima

Encontre os números anteriores da Súmula Internacional na editoria Visão Global

 

 

Leia também: